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Espiritualidade à Brasileira - Colonialismo e Descolonialismo

  • Ricardo Gonçalves, Eduardo Sales e Afrânio Andrade
  • 22 de ago. de 2017
  • 3 min de leitura

A escolha da obra de Jorge Amado para começarmos uma reflexão sobre espiritualidade à brasileira, tem duas razões mais concretas:

1ª) Por que não fazemos uma reflexão sobre a nossa realidade a partir de autores brasileiros?

2ª) Por que não fazemos uma reflexão sobre a nossa realidade a partir de um autor que é provocativo e crítico da realidade brasileira como ela é e não como alguns gostariam que ela fosse?

Jorge Amado é escolhido por sua irreverência, tipicamente brasileira, e por sua lucidez sobre o Brasil vivido pelos brasileiros no seu dia-a-dia.

Para isso começamos falando do colonialismo. Para entender o colonialismo basta lembrarmos do complexo de vira-lata, ou seja, é comum encontrarmos em países de colonização parecida com a nossa, uma espécie de inferioridade (plantada em nós pelos colonizadores) que nos impede de valorizar o que é nosso e só valorizar o que vem de fora!

Para o crescimento de uma pessoa e de uma nação, é preciso que se caminhe na direção de uma independência ou de uma maior clareza cultural. Sabemos que se fala muito sobre globalização, interdependência, transdependência... mas o que queremos aqui é ajudar a compreender o que nos cabe culturalmente e o que vem de fora. Sabemos que as influencias são inevitáveis, mas queremos ter mais claro aquilo que nos interessa e aquilo que continua a interessar aos colonizadores que continuam sendo as potências dominantes do mundo que nos vendem seus modelos de felicidade e seus produtos, enquanto muitos já se dão conta de que tais modelos e produtos não nos completam, não nos trazem saciedade.

As lentes do colonialismo que interferem na visão que temos sobre a vida e sobre a espiritualidade são 3: o imperialismo, o capitalismo e o patriarcado.

Graças a elas somos forjados homens e mulheres, cidadãos e cidadãs, pais e mães, trabalhadores e trabalhadoras. Por meio delas, nos permitimos ou não acreditar em algo ou nos mover ou não numa certa direção.

No trabalho, as relações hierarquizadas, as diferenças salarias entre homens e mulheres e a dificuldade em empreender são sinais nítidos destas influencias. Na família a violência doméstica, a falta de diálogo e a criação dos filhos com sentimento de subalternidade são provas vivas de tais influências.

Outro problema grave é o eixo duro do pensamento cartesiano por meio do qual a relação do homem com a vida, com o outro e com a natureza se dá numa fórmula “Sujeito x Objeto”. Essa separação nos impede de desenvolver mais facilmente o pensamento integrativo, que tem um eixo diferente: “Sujeito e seus objetivos”. A própria ciência moderna já sabe que não é possível separar o observador daquilo que ele observa, pois todos somos parte de uma vida só, de um planeta só e tudo que fazemos a nós mesmos, ao planeta ou aos outros gera impactos para além de nós mesmos.

O cartesianismo tem levado à coisificação das relações e isso mata nossa boa relação com a pluralidade. Um caminho para evitarmos isso é superar o pensamento cartesiano com um pensamento mais holístico e integrativo, fazendo com que nossas relações sejam mais humanizadas. Se houver um eixo duro que talvez possa guiar nossa forma de ver a espiritualidade de modo mais justo, que seja: “a vida em sua totalidade como centro”. Assim tudo que gerar morte, exclusão, desigualdade, fome, guerra, desentendimentos, precisará ser revisto pela humanidade.

Dicas da Tribo:

1. Identifique em você como o Imperialismo, o Capitalismo e o Patriarcado exercem controle sobre sua forma de pensar, sentir e agir.

2. Faça uma lista de posturas que você tem e que talvez te gerem até algum incomodo e que tem relação com tais influências. Ex. Numa relação prefiro ter razão do que dar o braço a torcer e ficar em paz. (fruto do imperialismo); Não gosto do Brasil porque temos muita corrupção aqui (fruto do imperialismo, só lá fora do Brasil é bom); Não ligo se homens ganham mais dinheiro do que mulheres mesmo exercendo o mesmo cargo numa empresa (Patriarcado, machismo); Compro coisas de que não preciso e depois me arrependo ou fico sem grana (Capitalismo, consumismo).

3. Faça compromissos verdadeiros com você mesmo, para mudar tais posturas e comece a agir.

4. Você verá que os colonizadores foram embora mais ainda vivem aí dentro de você!


 
 
 

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© 2017 Drica Rocha, Academia Internacional de Líderes

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