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Religião e Espiritualidade

  • Ricardo Gonçalves e Eduardo Sales
  • 22 de ago. de 2017
  • 4 min de leitura

Quando falamos em espiritualidade domesticada ou sequestrada, é natural que façamos críticas à Religião. Muito importante notar, que criticar a Religião enquanto fenômeno não é desrespeitar a crença de ninguém ou uma religião A ou B, mas apenas pensar, em busca de soluções para os problemas que naturalmente surgem das relações humanas no contexto religioso.

Assim, perguntamos: estariam as religiões a serviço da “formação” dos serem humanos? Os resultados que as religiões vêm alcançando seriam, de algum modo, comparáveis com a formação de pessoas comparáveis a animais puxadores de carroça? As religiões tem ajudado a formar pessoas livres, críticas, participativas na sociedade, conscientes de seus deveres e espiritualmente inteligentes?

Olhar para religião com olhar crítico é ver o papel educacional da Religião. Sabemos que é difícil, especialmente para aqueles que tem amor por suas religiões! Formar um ser humano é importante papel que a religião pode apoiar a família a fazer. O cuidado que precisamos ter é para que não troquemos nossa liberdade espiritual por “práticas de espiritualidade” expressas religiosamente de forma fechada e por vezes, excludentes e preconceituosas.

Como instrumento de ensino, a religião nos dá, de forma simples, balizamentos didáticos de ensino sobre uma dimensão a que chamamos de espiritual. Com ela, podemos aprender o básico.

Quando começamos numa caminhada espiritual, seja numa religião ou não, é comum que nos encontremos com algo maravilhoso, algo novo que nos vivifica, nos gera novos pensamentos e uma vontade enorme de ser melhor e ir para além de nosso próprio umbigo. Nas religiões, contudo, é comum que, com o tempo, comecemos a nos deparar com as cercas, com as regras que balizam o viver daquele grupo em reducionismos do que é certo e do que é errado, do que é puro e do que é impuro, do que é vontade de Deus e do que não é. Elas (as cercas) estão ali para nos proteger, para nos dar parâmetros até que se forme uma consciência mais ampla do sujeito sobre sua integratividade com a vida, com a natureza e com o próximo.

Por dinâmicas psico-sociais típicas dos grupos, contudo, as pessoas acabam “apegando-se” ou “apaixonando-se” pelas cercas, tornando-se mais religiosas do que espirituais. As regras passam a ser mais importantes do que a vida e muito, muito mais importante do que os sentimentos dos outros!

Então, pergunte-se: você tem espiritualidade que se define pela sua relação com as cercas dadas pela religião? Ou sua espiritualidade é viva e independe se as cercas estão de pé ou caídas sob seus pés? Você vive sua espiritualidade segundo os ditames de regras por medo das consequências ou castigos divinos ou é um ser livre e tem uma consciência que lhe permite, inclusive, errar e corrigir seus erros ou invés de fingir ser alguém que você não é?

É evidente que existem pessoas que precisam das cercas. Sem elas seria muito difícil dar uma direção de correção em suas vidas. Mas ao reduzir todas as pessoas às mesmas condições de algumas, a religião cria outro tipo de materialidade perversa que reduz a espiritualidade humana à obediência de regras, muitas vezes moralistas, preconceituosas e castradoras.

No campo da religião é muito importante que nos perguntemos: OK, eu tive uma experiência com o sagrado aqui... mas será que a experiência daquele outro ali, numa religião diferente da minha é menos sagrada do que a minha? Ok, eu penso que estou na religião certa, mas será que isso faz da religião do outro a religião errada?

A espiritualidade pode ser uma experiência tão libertadora e profunda que deveria nos impossibilitar de estabelecer fronteiras tão estreitas para a experiência dos outros. Conhecer as milhares de manifestações religiosas e culturas existentes no mundo nos chama sempre mais e mais a atenção para o fato de que não há limites para a espiritualidade humana ou para sua expressão! Por isso, achar que sua realidade é a única, é uma triste falta de noção da sua pequeneza diante da vida!

Mesmo sabendo que definir é restringir, ousamos propor que espiritualidade é VIDA.

Neste contexto, a maneira de experimentá-la e vivenciá-la é tão dinâmica e diversa quanto é a manifestação da vida no planeta Terra. Espiritualidade, portanto, é vivida tanto dentro quanto fora da religião. A vida espiritual é maximizada quando ela nos coloca numa direção, nos dá um sentido... e esse sentido é o de maximização da vida pela própria vida, de expansão da vida pela própria vida!

Nosso convite é para que você encontre a sua forma de ser espiritual e a respeite tanto, que nunca se permita rotular em voz alta a espiritualidade alheia ou fazer algum mal àqueles que a pensam e a vivem diferente de você. Se você ainda não consegue amar a diversidade, que é a própria vida, nosso convite é para um começo respeitoso, que torne nossa convivência mais empática, otimista e feliz.

Dicas da Tribo:

Nos próximos 10 dias, sempre que você tiver um posicionamento sobre algum assunto, antes de manifestá-lo verbalmente, pergunte-se:

- Será que estou certo?

- Quais são as evidencias que possuo de que esse posicionamento é o melhor?

- O fato de eu estar potencialmente correto, torna minha verdade universal?

Você verá que assim é com a vida e também com a religião, ou seja, nossas certezas são fruto tão somente de uma soma de nossas experiências com nossas esperanças, nada mais.


 
 
 

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© 2017 Drica Rocha, Academia Internacional de Líderes

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