Tempo é dinheiro, você acredita nisso?
- Ricardo Gonçalves e Eduardo Sales
- 17 de set. de 2017
- 4 min de leitura

Vivemos uma época de comercialização excessiva. Parece que tudo virou produto e cliente. Essa lógica atingiu todas as relações, inclusive as familiares. O fim do romantismo acontece com a comercialização dos casamentos. Os casamentos parecem sociedades por cotas limitada. Muitos procuram um cônjuge que tenha perfil financeiro adequado e estável, que tenha visão de futuro e equilíbrio financeiro. Não apenas isso, os sonhos de outros tantos casais parecem reunião para discutir os objetivos da empresa. Os sonhos estão centrados em ter, crescer e conquistar. As conversas parecem reuniões do financeiro discutindo contas a pagar, entradas e saídas. O próprio linguajar para com os filhos: “fala com seu pai que ele é o chefe”, “fala com sua mãe que ela é a dona do dinheiro”. Os filhos ficam perdidos. E para que isso não aconteça, os pais dessa geração econômica, desde cedo já procuram uma pré-escola que prepare melhor seus filhos para o mercado de trabalho. Mas isso não está certo?
Parece que, em algum ponto, sim. Não é errado pensar nas finanças, mas torna-se com certeza um problema quando esse é o único foco. Deixamos de ser famílias e nos tornamos empresas.
Vivemos mergulhados nas competições do livre mercado, imersos no capitalismo, por isso precisamos cuidar para não nos deixar levar a ponto de transformar todas as relações em moeda. A frase, “Tempo é dinheiro” representa esse ideal. O potencial de torção da realidade, de transformar as coisas em algo sem valor é gigantesco. O capitalismo tem como lógica a centralização no capital, mas não apenas isso, a transvaloração de toda a realidade em capital. Aos poucos tudo é comerciável, principalmente quando a matriz principal, o tempo, passa a ser trocada por algo tão comum como o dinheiro.
Esse processo nasceu para facilitar as relações de troca, mas como equacionar o valor de troca entre o boi e a soja? O dinheiro então desmaterializou ambos, criou um valor imaginário, fixou esse valor em papel e serviu como meio de troca. O problema é que aos poucos, toda a realidade foi imersa, subjugada a essa troca de valores, a essa desmateralização, à criação de valores imaginários e fixação desses valores em papel. Assim, defendemos que o dinheiro é importante, mas deve se limitar ao seu lugar, como mero instrumento de troca, não como regulador dos valores. Não podemos equivaler nossa vida, nossa família, nossa saúde ou nossa liberdade a algo tão transitório como o dinheiro. Com certeza tudo isso está muito acima dele.
Propomos, assim, que o dinheiro em si não é nem bom nem mau, porém as relações podem ser alteradas e subjugadas pela lógica do capital. Como todo instrumento, o dinheiro pode fazer bem ou fazer mal de acordo com a mão e a consciência de quem o aplica ou de quem o persegue. Assim, duvide com toda a força dessa frase: “tempo é dinheiro”, porque se trata de uma grande mentira. O tempo é muito mais valioso, já o dinheiro, é muito simples e se acha em qualquer lugar, por isso não pode nunca assumir o seu lugar nas relações.
Lembre-se, ainda, que para conseguir dinheiro existem três formas básica (dentro da legalidade, é claro). Estratégia é tudo, por isso, faça a escolha mais adequada para você:
Você troca seu tempo por dinheiro, trabalhando para alguém ou para o Estado.
Você empreende em algo significativo para você profissionalmente, faz algo que te dá prazer e ganha dinheiro com isso.
Você aprende a colocar o dinheiro para trabalhar por você.
Para finalizar, lembramos você que planejar sua independência financeira é um coisa muito boa, pois te permitirá viver bem enquanto acumula capital. Sem planejar você será esmagado(a) por uma rotina escravizante. Muitos profissionais como Consultores Financeiros e Coaches podem te ajudar nisso. Existem muitos canais e programas gratuitos para quem precisa e quer aprender. Pesquise!
Aqui, queremos registrar apenas mais uma reflexão antes das dicas:
Um dia tem 24 horas. Se você é uma pessoa saudável, dorme 8 horas, trabalha outras 8, usa 3 horas para as principais refeições, higiene e deslocamento no transito. Sobram 5 horas/dia para você cuidar de tudo mais que importa na vida! Portanto, pense bem a forma como você usará essas 5 horas, use-as com algo de valor: família, amigos, fé, comunidade, lazer, estudos, hobbies, diversão, organização doméstica, esportes, leitura, contribuição social, amor, sexo, arte, música, poesia, cinema, viagens, gastronomia, conhecer novas culturas, conhecer novas pessoas... tic tac, tempo é vida!
Dicas da Tribo:
Para você que deseja fazer o dinheiro parar no seu bolso, seguem algumas dicas.
1) Tenha todos os gastos na ponta do lápis, o que geralmente nos escapa é o que nos trai.
2) A conta é simples, não gaste mais do que ganha.
3) Não espere sobrar dinheiro para guardar, guarde dinheiro para poder sobrar.
4) Tenha dois planos de investimento, um de curto prazo e um de longo. Dessa forma você ganhará fôlego no futuro, detalhe, pelo menos 5% de sua renda para investimento futuro.
5) Não dá para vencer as dívidas correndo atrás delas, crie um plano que amortize a dívida de trás pra frente, dessa forma você não vai passar a sua vida toda correndo atrás das contas.
6) Fuja das promoções tentadoras. Use as três perguntas: Eu realmente preciso? É de qualidade? O preço é bom?
7) Não existe sem juros.
8) Diversifique seus investimentos. No cenário atual do Brasil, cuidado com investimento em imóveis.
9) Dedique tempo para estudar como o dinheiro funciona e aprenda a não ser escravo do dinheiro. Ele é quem deve te servir e à sua família.
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