Você é Verdinha ou Madura?
- Ricardo Gonçalves, Eduardo Sales, Afranio Andrade
- 3 de dez. de 2017
- 5 min de leitura

Se afirmarmos que a maturidade consiste em um estado de plenitude, fica fácil constatar que nem todos chegam à maturidade. E, quase sempre, nos vem à mente que necessariamente, para se chegar à maturidade teríamos que nos prolongar no tempo. De forma que, maturidade estaria relacionada necessariamente com a idade. No entanto, não é bem assim.
A maturidade deve ser procurada e visualizada como um grau do SER, no qual tanto adultos como crianças se mostram seguros de si, desenvolvidos, independentes quer na sua forma de pensar quer na sua maneira de ver o mundo e reagir aos estímulos e desafios que lhe são propostos.
É bem verdade que características como estas podem ser mais frequentemente encontradas em pessoas adultas, mas também é verdade que nem todos os adultos as possuem. E não raro encontramos crianças em diversos contextos sociais que as possuem. Assim, a maturidade é, no fundo, um estado da alma.
Pode-se dizer que uma pessoa é madura quando, independentemente da sua idade, mostra-se capaz de assumir o controle de sua realidade com clareza na consciência e determinação, firme em um propósito inabalável e convicta de que a realização deste propósito lhe proporcionará a esperada felicidade pela qual luta todos os dias.
Madura é aquela pessoa que, tendo tomado consciência do mundo em que vive e das suas dificuldades, procura com afinco encontrar uma solução para os problemas que se lhe apresentam, responsabilizando-se pelos seus atos perante sua família e todos aqueles com quem convive.
Madura é aquela pessoa que aceita o fato de que somos todos imperfeitos e limitados. Que reconhece que os outros podem ser diferentes dela, que podem ter outros projetos de vida, que podem ter outros gostos e prazeres, e que, no fundo, compõem, com ela, uma diversidade de seres unidas por uma única identidade: a vontade de ser feliz, cada um a seu modo, cada um sob seu ponto de vista, cada um com seus afazeres.
Quem está neste grau de entendimento, sabe que as coisas não são como ele quer, mas como realmente são. E mais: sabe que as coisas só são como ele quer, quando ele as quer como ela realmente são. Assumir a realidade nestes termos implica, a qualquer tempo, em um ato de coragem e determinação de auto aceitação, mudando-se o que se deve mudar e munido do necessário discernimento para reconhecer aquilo que não se deve mudar.
Atitudes como estas só podem vir de alguém que se encontra em certo nível de plenitude, não a plenitude que o afasta do mundo, mas a plenitude que o faz ser pleno da realidade de si, dos outros e de tudo que estiver ao seu alcance. Se é verdade que o tempo ajuda a alcançar este nível, verdade também é que, somente o tempo não é suficiente para tanto: é necessária a consciência de que o tempo é uma dádiva que deve ser aproveitada ao máximo a cada momento para se alcançar este nível de plenitude, a maturidade da alma.
UPGRADE ESPIRITUAL
Este é um dos principais temas dos gurus da espiritualidade. Sejam religiosos ou não, se bem que não me lembro de algum guru da espiritualidade que não o seja, mas, enfim, o tema do desenvolvimento espiritual, da maturidade espiritual sempre esteve em moda. Basta um olhar sobre a vasta literatura entre as diversas religiões. O homem naturalizou os conceitos da mecânica e principalmente da informática e definiu boa parte de sua vida como uma espécie de busca pelo upgrade espiritual.
O senso comum percebeu esse upgrade como uma espécie de maturidade secular. Essa consta de características, muitas ideais, que se afastam do imaginário infantil. Por exemplo: Sabedoria, Paciência, Respeito, Responsabilidade, Diálogo, etc. No geral, pessoas maduras são aquelas que não agem mais como crianças. Que não fazem bico por qualquer coisa, não ficam emburradas, não ficam de mal, não respondem mal com mal, etc. Assim, empresas, famílias, relacionamentos, todos estão buscando essas pessoas, cada vez mais raras, que atingiram a maturidade.
Mas, é claro, pensando em upgrade, deve-se ter em mente que a maturidade secular é apenas o primeiro degrau, para usar as palavras dos gurus da espiritualidade. Quero chamar atenção para o que eu considero um real upgrade. Nos evangelhos há referências a uma maturidade destoante ao senso comum, uma maturidade de rompimento, um verdadeiro upgrade. Digo verdadeiro, porque a maturidade como desprendimento das características da infância devem ser desenvolvimentos naturais e obrigatórios. Já a proposta de maturidade dos evangelhos é bem diferente, embora, é claro, não esteja dizendo com isso que os cristãos são ou representam uma maturidade superior, porque inclusive acho que o cristianismo está bem distante dos evangelhos em muitos lugares.
Então, nos evangelhos foi apresentada uma maturidade diferente. Trata-se de ir além que o senso comum (Mateus 5,20). Enumerando superficialmente cito aqui três princípios:
1) Amar sem receber nada em troca. Amar inclusive os que não nos amam e os que nos perseguem. Aqui temos um upgrade. Porque amar quem nos ama é fácil.
2) Servir aos mais fracos. Servir sem esperar nada em troca. Mesmo que a pessoa não mereça, mesmo que não seja capaz. O senso comum está embebido numa justiça retributiva que educacionalmente é retrograda e escravagista.
3) Perdoar. A dimensão da graça, do conceito de que as pessoas merecem crédito ao julgamento. Essa possibilidade é portadora de novidade capaz de gerar novidade. É uma mensagem de um novo mundo.
A maturidade cristã, nesse sentido, representa um upgrade na maturidade secular. Seja em ambiente familiar, a importância dessa maturidade para superação das dificuldades do dia a dia. Ou ainda, em ambiente corporativo, essa maturidade é essencial. Todos querem ter em sua família/equipe uma pessoa que ama sem querer nada em troca, uma pessoa desinteressada no mundo dos interesses. Principalmente, alguém que serve mesmo quando sabe que não será retribuído. Alguém que ama, mesmo sem ser amado. Porque não é o amor do outro que o move, mas o amor que parte de si mesmo. Aqui, realmente houve um upgrade.
DICAS DA TRIBO
Nesse mês em que comemoramos o Natal e o Ano Novo, desafie-se, ou seja, no máximo em 30 dias se dê o seguinte presente:
Demonstra amor incondicional por alguém, sem esperar MESMO algo em troca. Nada de flores, ou versinho de amor, faça algo que vai marcar a vida dessa pessoa com a certeza de que você a ama com todo seu coração!
Ajude uma pessoa que necessita. Não importa com o que. Descubra o que ela precisa e faça sem perguntar ou anunciar, simplesmente faça. Se você conseguir ajudar sem que ela saiba o que você fez, será ainda melhor. impacte a vida de um estranho como se você fosse “Papai Noel”!!!
Peça perdão de todo seu coração por algo que fez. Chegue até a pessoa e peça. Olhes nos olhos e diga o quanto sente. E depois, mesmo que ela não diga nada, ou diga que não perdoa, perdo-se a si mesmo(a). Todos merecem uma nova chance. Se for possível reparar o dano eventualmente causado, faça isso. Prove para si mesmo(a) que é capaz de fazer o verdadeiro upgrade espiritual.
Experimente estas coisas com regularidade e verá mais e mais maturidade em sua vida, e todos os louros que vem naturalmente com elas.
Abraço TRIBO!!!
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